sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

fenomenologia do eu

contraste

Às vezes penso em ter mil vidas, mas para ser bem sensato, acho que uma me basta. O mundo é tão grande e tantas são as coisas para se ver, tocar, cheirar, ouvir, degustar e apreciar. Mil cores, mil odores, mil texturas, mil sinfonias e seus amores que insistem em me invadir o coração num avassalador tremer de pernas e bambear de joelhos. Tudo a minha volta é novo e redescubro de novo e mais uma vez aquilo que um dia me foi habitual – frugalidades do ensaio romântico que cultivo para que minha existência sempre tenha alguma graça.

O mundo... ah! o mundo. Admirável mundo novo todo dia quando abro meus olhos. Enfim, encontro o que está além de mim. E, assim, encontro a mim mesmo no que me confronta, me desafia, no outro, naquilo, lá e então, aqui e agora. O confronto me conforta.

Logo nos lançamos à frente, aos lados – todos –, vamos superando passo-a-passo o deserto que preenchemos diante de nós. O deserto do nada(,) da existência. Tudo ilusão. [Seja o que for, seja o que você quiser.]

O segredo está dentro de nós. Nós somos o mundo. Nós somos no mundo. Somos. E por si só isso basta. Onde começa o um e acaba ante o todo? Resta-nos saber do um e do todo nunca saber. Quando mais procuramos do todo, mais a de se saber; o todo cresce, pois, a cada investida do um em si mesmo, inventando tudo o mais.As portas estão todas abertas, escancaradas, os ventos das potencialidades sopram e roçam nossas ventas. O farfalhar do corpo ao marchar pelo universo, desbravando aquilo que para mim não é e logo já se foi, desbravando aquilo que momento a momento vem a ser continuamente (e deixa de ser).

Quando lançamos a luz da intencionalidade, cruza nossa mente a certeza de nossa existência mútua: minha e do que(m) está diante de mim – ou eu diante dele(a), ou nós (pronome plural e substantivo plural). A luz é separada das trevas; assim o é, porque se a intencionalidade se tornasse difusa o suficiente para abarcar todas as potencialidades, dissolveríamos simplesmente e a intencionalidade se esvaziaria. Mantenhamo-nos então concentrações cósmicas dessa magia que é a vida.

Deixe que o mundo venha a você. Você é o mundo. Você. Venha.


Nenhum comentário:

Postar um comentário