segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Quando a luz (nos) toca


A vida é em si um escuro a ser descoberto
E quando desvelamos o que estava coberto de nada
De nós mesmos colocamos algo em algo decerto
E o que antes era deserto ganha vida
Vida linda corada, perfumada e audível
Vida que nasce do nada do nunca sofrível
Floresce em algo que vivo da vida vivida
Vivo com algo de mim em algo de outro ou de outrem

Vivo e vos digo que vivo o todo de mim
Pois as partes em parte são algo do todo
Claro que dizem dele, mas ele só ele o é
Uma vez que as partes se juntam em mim
E juntos somos algo além do pouco de cada um de nós

***

A luz da intenção do olhar do observador promove o encontro entre o objeto e o objetivo do observador. Quando nos deparamos com a realidade, nos deparamos com a realidade de algo, com a realidade de nossa intenção.

O que é a realidade senão pura intenção em (in)certo lugar num dado momento?

Construímos o mundo ao mesmo tempo em que somos construídos por ele, isso é certo. Num círculo que nem sempre é tão redondo e cujas arestas às vezes ferem como farpas surgidas das faíscas de nossos próprios olhos ferozes.


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